Sete marcas desfilaram no quarto dia de SPFW. No geral, as coleções foram pontuadas pela elaboração, seja nas superfícies, modelagens ou ornamentações. Entre as marcas, nomes como Gloria Coelho, Beira e Lino Villaventura chamaram a atenção, bem como estreantes como a Bobstore e três integrantes do Projeto Estufa: Helena Pontes, Ão e Korshi 01. Confira!
Beira
Gloria Coelho
Para seu inverno 2019, Gloria Coelho trouxe uma coleção com a temática De Volta às Origens. Com esse ponto de partida, a estilista buscou inspirações nos mais diversos lugares, ressaltando desde décadas passadas, como 60, 70 e 80, até referências como cowboy, punk, Yayoi Kusama e surrealismo. Como resultado, a coleção valorizou a praticidade através de materiais como tricôs, seda pura, couro, vinil e neoprene. Nas peças, Gloria manteve seu apelo elegante, porém casual, observado em casacos alongados, suéteres, saias longas e uma alfaiataria clean. Atente para as tonalidades mais sóbrias e detalhamentos como cortes enviesados, cintura marcada e golas altas. Nas superfícies, os prints florais trouxeram um direcionamento mais delicado para os modelos. Finalizando as produções, botas variadas e bolsas estruturadas apareceram em propostas neutras,
Helena Pontes (Projeto Estufa)
O SPFWN46 marcou a estreia da pernambucana Helena Pontes nas passarelas do evento. A estilista, adepta do slow fashion, apresentou a coleção MARIAS, que representa mulheres pássaros, sempre em movimento e livres para voar para onde quiserem. Prezando por tecidos naturais, as peças ressaltaram uma alfaiataria despojada e contemporânea, com cortes soltos ao corpo. Recortes com pontas e assimetrias despontaram na modelagem, remetendo aos bicos e asas dos pássaros. Geometrias e blocos de cor também foram trabalhados, evidenciando tons como preto, laranja, cinza e bege. As joias, desenvolvidas pela estilista Adriana Valente, foram esculpidas a mão, respeitando um processo artesanal a partir de materiais de descarte, e valorizando uma paleta terrosa em harmonia com a coleção.
Ão (Projeto Estufa)
Com a temática Azuis, Marina Dalagarrondo explorou um visual conceitual em seu primeiro São Paulo Fashion Week. Brincando com shapes e volumes diferenciados, a coleção valorizou cortes irreverentes, trabalhando assimetrias, transpasses e sobreposições. Além disso, outro elemento importante foi o uso de elásticos, trazendo ajustes e texturas interessantes para peças como tops cropped, shorts e vestidos. As propostas monocromáticas, sempre em variações de azul ou branco, contrastaram com complementos como o brincos, trabalhados em formatos irregulares e cores vibrantes.
Korshi 01 (Projeto Estufa)
Formada pela dupla Pedro Korshi e Albner Moreira, a Korshi 01 trouxe um ar de rebeldia e intransigência para o quarto dia de desfiles do evento. Também parte do Projeto Estufa, a marca focou na versatilidade e no utilitarismo. Exemplificando esse aspecto, diversas peças apresentadas na coleção possuem mais de uma utilidade, como macacões que podem se transformar em vestidos e casacos. Desse modo, modelagens elaboradas chamaram a atenção, bem como os múltiplos aviamentos, como botões, elásticos e zíperes. Bolsos amplos e capuzes reforçaram a estética funcional, assim como os recortes vazados e amarrações. Nos pés, chinelos complementaram as produções.
Beira
Sob a direção de Lívia Cunha Campos, a Beira segue um princípio de continuidade, valorizando suas coleções através de um processo criativo sem rupturas. Desse modo, as peças não são desenvolvidas para estações específicas, e sim para serem utilizadas em diferentes contextos. Nessa edição, a marca trabalhou um conceito relaxado e despojado, trazendo produtos com texturas e trabalhos de superfícies diferenciados em jeans, seda, linho e algodão. Pinturas a mão foram recorrentes, assim como o uso de técnicas de lavagem e descoloração de tecido, revelando tonalidades bem particulares em cada produto. Feitas para serem usadas tanto por homens quanto por mulheres, atente para os cortes retos e comprimentos alongados, presentes em macacões, conjuntos de blazer e calça, e vestidos. Nos pés, o clássico Chuck Taylor All Star Hi esteve presente em todos os 24 looks.
Lino Villaventura
Reafirmando seu DNA de uma moda autoral e irreverente, Lino Villaventura mais uma vez surpreende com suas superfícies elaboradas. Texturas promovidas por trabalhos de nervuras, plissados, relevos e bordados foram recorrentes, tanto nos já tradicionais vestidos voltados para a moda festa, quanto em propostas mais casuais, novidades na passarela do estilista. Nesse último caso, destacaram-se calças esportivas e casacos, por exemplo, valorizados por modelagens confortáveis. Prints florais e uso de materiais como jacquard também foram importantes nas criações, complementados por uma ampla cartela de cores, indo desde tons de cinza e preto, até mais vibrantes como amarelo, rosa e vermelho. Scarpins e botas de cano curto, com amarração, arremataram as produções.
Bobstore
Estreando no line-up oficial do SPFW, a Bobstore trouxe o universo artístico da pintora Georgia O’Keefee como start para seu inverno 2019. Com foco no período em que a artista viveu no Novo México, o western surgiu com grande peso nos produtos. Entre as peças-chave, camisas com recortes, saias em comprimento mini ou mídi e blusas leves ganharam importância. Já nas superfícies, estampas de leopardo, cavalo e flores reforçaram a temática, enquanto a atmosfera de cerrado e flora escassa foi trabalhada na cartela de cores que contou com tons terrosos, preto, vinho e chocolate. Repare que a mescla de materiais e cores foi trabalhada tanto no vestuário quanto nos calçados, enquanto acessórios em parceira com a designer Claudia Arbex, apresentaram brincos assimétricos e metais com brilho intenso.
Imagens: Agência Fotosite.